PorkExpo 2016 E VIII Congresso Internacional de Suinocultura consagram a garra do criador brasileiro

PorkExpo 2016 E VIII Congresso Internacional de Suinocultura consagram a garra do criador brasileiro

A cena parece não combinar com outubro de 2016, o ano marcado por preço recorde do milho, custos de produção nas alturas e mercado interno travado pela brutal recessão na economia brasileira e mais de doze milhões de brasileiros desempregados. Produtores de carne suína, profissionais e executivos de cooperativas e empresas do segmento, além de professores, pesquisadores e estudantes do setor lotaram salas de palestras, corredores da Feira de Negócios, atividades paralelas promovidas pelas empresas do setor e todos os momentos de degustação e promoção da carne suína em Foz do Iguaçu (PR), no Recanto Cataratas Thermas Resort & Convention, um espaço com área nativa protegida, spa, praça de entretenimento, piscina com águas termais, uma arquitetura surpreendente e 120.000m² integrados à exuberante natureza. Duas mil e duzentas pessoas a cada dia de evento. O local e o momento escolhidos foram os três dias da oitava edição da PorkExpo & Congresso Internacional de Suinocultura, realizada de 18 a 20 deste mês, na semana passada, que se consagrou como o maior ponto de encontro para debater, examinar, trocar ideias e se confraternizar em torno da cadeia de produção da carne suína brasileira e mundial.

Foram várias atrações. Congresso Técnico, com mais de 40 palestras e tradução simultânea para o Espanhol, Inglês e Português; PorkSummit, com especialistas em mercado nacional e internacional; Feira de Negócios com presença de mais de 50 empresas ligadas aos setores de Equipamentos, Genética, Nutrição, Processamento, Reprodução, Instalações e Saúde Animal; Reuniões Técnicas de Empresas; Trabalhos Científicos com exposição digital do conteúdo das pesquisas elaboradas por profissionais brasileiros e do exterior; Prêmio Melhores do Ano da Revista Pork, que homenageou as personalidades de destaque em 2016, em quatorze categorias; Oficina de Gastronomia com o chef Carlos Bertolazzi, e choppada com carne suína para festejar o reencontro que se realiza a cada dois anos.

O primeiro dia inteiro teve um painel para tratar da “Gestação Coletiva de Matrizes Suínas” e outro que discutiu os diversos sistemas de utilização dos dejetos da produção de carne suína e como as medidas sustentáveis podem melhorar os ganhos dos criadores, ajudando o Brasil a cumprir os compromissos firmados para emissão dos gases poluentes na atmosfera. Tudo com promoção do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), em parceria com a Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS). Elvison Nunes Ramos, do Mapa, deu detalhes do Plano ABC, que já conta com 30 mil projetos em execução no país e um financiamento de R$ 13 bilhões. E destacou, ainda, o Projeto Suinocultura de Baixa Emissão de Carbono. “Os projetos específicos ligados ao tratamento de dejetos animais vinham sendo esquecidos. Retomamos a ideia e já conseguimos alocar R$ 12,7 milhões. O objetivo do governo federal não é acabar com a emissão de gases e sim reduzir. E temos a tarefa de colocar os instrumentos à disposição dos produtores porque são eles o centro de tudo”, reafirmou Elvison Ramos. Já Cleandro Pazinato Dias, consultor do Ministério, abordou as tecnologias de produção mais limpa na suinocultura brasileira. “Já sabemos que o tratamento de dejetos nas propriedades consegue reverter em água mais de 50% do total. Isso é vital para entendermos a relevância dos processos de reutilização, tratamento e destinação do material resultante do processo produtivo da suinocultura”, emendou.

“O debate aqui é sobre como transformar dejetos em dinheiro”, destacou Fabiano Coser, Consultor do MAPA, que falou sobre a “viabilidade econômica e geração de renda a partir de tecnologias de baixa emissão de carbono na produção de suínos”. Ele citou vários projetos implementados em diversos estados brasileiros com sucesso. “E é um investimento que se paga em até três anos quando a granja produz mais. É escala pura”, completou Fabiano. Carlos Claret Sencio Paes, diretor da empresa ER-BR, por sua vez, explicou como surgiram as primeiras iniciativas de venda da energia elétrica produzida em propriedades rurais com biogás para o sistema tradicional de distribuição, que é controlado pela Agência do segmento, a ANEEL. “O pontapé inicial foi no Paraná, desde 2006. E os primeiros repasses da geração distribuída. Ganharam força. Mas há quatro anos houve uma nova retomada, com as normativas sobre o comércio direto do produtor para o consumidor. “Hoje, em até noventa dias, as operadoras precisam celebrar os contratos com compensação até 5 MW por hora”, apontou. Por fim, Leandro Capuzzo, do Banco do Brasil, discriminou todos os projetos oficiais para grandes, médios e pequenos produtores que desejam injetar dinheiro na granja e, ao mesmo tempo, contribuir com a mitigação dos gases emitidos na atmosfera. “São várias linhas de crédito e com juros muito interessantes, mesmo num ano difícil da economia brasileira”, ressaltou.

Em outro momento, os pesquisadores da Embrapa, de corporações do segmento e do MAPA discutiram os passos futuros do BEA dos suínos brasileiros. “Não queremos copiar ninguém. Mas sim conhecer bons exemplos, aprender com quem já fez, e adaptar para as nossas condições”. O resumo foi anunciado por Cleandro Pazinato Dias, na segunda parte da abordagem, durante o “Projeto Diálogos Setoriais Brasil e União Europeia”. A opinião, anunciada durante a palestra “Estratégias para a adoção da gestação no Brasil”, retratou bem o tom dos debates que marcaram as apresentações e tiveram como proposta principal descrever as iniciativas já existentes no Brasil para um salto na área de BEA. A coordenação dos painéis esteve a cargo do diretor executivo da ABCS, Nilo de Sá, e de Lizie Buss, da Comissão de BEA do MAPA. A médica veterinária do MAPA, Charli Ludtke, foi a moderadora do debate. A opinião do perito do Ministério, que abordou o tema “Bem-estar animal na suinocultura brasileira”, foi dividida com o pesquisador Osmar Antonio Dalla Costa, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Aves e Suínos, que discorreu sobre o “Papel da Embrapa na transição para a gestão coletiva”. “Já trabalhamos em modelos com ‘cobre-e-solta’, mini-boxe e outras adaptações desde 1978. Não queremos excluir ninguém. Nosso objetivo é manter as pessoas no campo produzindo, com BEA e qualidade de vida para quem atua na produção”, reforçou.

Antonio Velarde Calvo, perito internacional, detalhou as principais normas que envolvem e motivaram a instalação de gestão coletiva de matrizes suínas na Europas. Juliana Ribas mergulhou no tema manejo reprodutivo necessário com as matrizes e a eficiência do sistema cobre-solta. Foram apresentados, também, casos de agroindústrias que já começaram a investir em adaptações nas granjas instaladas ou novos galpões com todas as premissas modernas de BEA. Carmos Triaca, da pioneira Granja Miunça, de Brasília, do criador Rubens Valentin, mostrou os números levantados que comprovam a eficiência produtiva da propriedade mesmo com o aporte forte de recursos em obras, equipamentos, manejo e treinamento de mão-de-obra. “É bom, funciona, é eficiente e nos coloca um passo na frente das demandas sociais e da indústria de alimentos do futuro. Porém, precisamos lutar, pois há desafios importantes, como custos de capital, importação de equipamentos de alimentação líquida, normativas mais claras e equilibradas e as adaptações de projetos que são direcionadas para as diversas regiões brasileiras”, analisou.

Mauro Sérgio Souza, gerente de qualidade de negócios da Frisia, ex-batavo, atuando com a marca Alegra Foods, e agora unidade industrial parceira das cooperativas paranaenses sócias Batavo e Capal, mostrou como funcionam as áreas que já trabalham com novas estruturas em granjas de cooperados. “Já são 5.500 fêmeas beneficiadas e não paramos de investir em novas instalações e reformas de outras”, explicou. Edilson Dias Caldas, da BRF, falou que 57 mil matrizes das integrações já possuem gestação coletiva ou módulos de adequação. “São 15,5% de todas as nossas matrizes. Temos um cronograma bem planejado e até 2025 todas estarão contempladas pelo BEA”, apontou. Ao fim, Daniel Cruz, da World Animal Protection, Organização Não Governamental (ONG) que atua ao lado dos produtores em vários países, ajudando na modernização dos processos produtivos de alimentos, enfatizou a importância dos ajustes dos conceitos às diferentes situações encontradas nas regiões do Brasil e de outros países, e qual o status dos maiores produtores no quesito BEA. “Foi um painel riquíssimo, que certamente vai marcar história. A ABCS vai prosseguir incentivando e patrocinando debates como este, para que façamos o futuro agora e não quando uma exigência for criada sem estarmos preparados e informados”, finalizou Nilo de Sá, Diretor da ABCS.

Na Sala Um, no mesmo dia, outros profissionais ligados ao segmento detalhavam as novas tecnologias disponíveis para os criadores modernizarem suas atividades e as margens do negócio. Oito palestras de renomados especialistas do Brasil e do exterior falaram sobre áreas em que o setor pode avançar, produzindo mais, com sustentabilidade ambiental, econômica, social e sanitária. Alcançando uma carne de qualidade, saborosa e com custo acessível aos consumidores nacionais e internacionais. Em palestras coordenadas pelos parceiros Ricardo Baldo, Andrea Panzardi e Andrea Silvestrim. “Gestão de risco e medidas de biossegurança na suinocultura: aplicações e vantagem”, foi a palestrada apresentada pela pesquisadora da Bayer Eliana Dantas. Depois, foi a vez de Eduardo Raele, que falou sobre “O aporte nutricional como elemento fundamental na promoção da saúde intestinal de leitões’. Sanidade foi o tema a seguir, com a palestra “Novos avanços contra o Circovirus Suíno”, com o especialista Harold Oliva Mayegas. Na sequência, o tema reprodução, com a palestra “Perspectivas para o uso de uma única inseminação por estro em fêmeas suínas: inseminação artificial em tempo fixo”, com o professor e cientista Rafael da Rosa Ulguim. Luis Felipe Caron falou sobre “Sistema Imune x Desempenho: Qual o ponto de equilíbrio”? Jim Rohl tratou de “Tomografia Computadoriza associada a alimentadores RFID para o melhoramento genético: resultados e perspectivas de evolução de conversão alimentar e de qualidade de carcaça”. “Redução do uso de Antimicrobianos na Suinocultura – Experiências e Abordagem Prática”, foi o tema conduzido por Hugo Seemer e Janice Zanella, chefe da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Suínos e Aves, falou sobre “Sustentabilidade na Suinocultura”. Janice Zanella.

O segundo dia foi marcado por outras dezessete palestras, tratando de nutrição para glândula mamária, Ractopamina, granjas prolíficas, qualidade do sêmen, Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF), ferramentas hormonais, circovirose e pneumonia. Hora de conferir novidades científicas de cientistas do porte de Vinicius Canterelli (“Ractopamina uma tecnologia sustentável”), Bruno Silva (“Nutrição para a Glândula Mamária : Implicações no Potencial de Produção de Leite em Fêmeas Hiperprolificas”), Thomas Bierhals (“Qualidade dos leitões desmamados: como as granjas de alta produtividade tem trabalhado esse tema?”), Glauber Machado (“O Futuro dos sistemas de produção de suínos no Brasil: Hora de refletir e tomar decisões”), Ana Paula Mellagi (“Qualidade da dose de Sêmen: Fator chave na IATF em suínos”), Fernando Bortolozzo (“IATF em suínos: É uma técnica ou um novo conceito?”), Ivo Wentz (“Ferramentas hormonais para uso na suinocultura”), Diogo Fontana (“Experiências da MSD em IATF”) e David E. Barcellos (“Atualização sobre Circovirose e Pneumonia micoplásmica”).

E ainda os especialistas Geert Wielsma (“Os estudos mais recentes em saúde intestinal para leitões”), Gustavo de Lima (“Porcas hiperprolíficas: Como a Nutrição e manejo podem maximizar os resultados”), Peter van ‘t Veld (“Intensified supp” – Intensificação da suplementação em leitões lactentes – Vamos falar de eficiência?”), Everton Gubert (“A Granja viva: pilares para a longevidade na produção de suínos”), Peter Wilcock (“Uso de aditivos para a melhoria da microbiota intestinal”), Liven Dambre (“A importância na higienização das granjas de suínos e seus resultados”) e Gustavo Manoel Rigueira Simão (“Sistema Imune x Pressão de Infecção – O importante papel das boas práticas de biossegurança neste contínuo conflito”).

A união entre todos os elos da cadeia marcou o “horário de almoço” da PorkExpo 2016 na quarta-feira, numa atividade especial capitaneada pela ABCS. Carlos Bertolazzi, dono do restaurante Zena Caffè, em São Paulo, descendente de italianos, formado em Administração e que transformou sua paixão pela Gastronomia e profissão, comandou duas atividades. Inicialmente, ministrou uma clínica especial para estudantes de Nutrição das faculdades Centro Universitário Dinâmica das Cataratas (UDC), Faculdade União das Américas e Instituto Federal do Paraná (IFPR), além de integrantes do Programa do Voluntariado Paranaense (Provopar). Bertolazzi apresenta há três temporadas o reality “Cozinha sob pressão” e possui mais de 240 mil seguidores no Instagram e 390 mil no Facebook, sendo um dos grandes divulgadores da gastronomia brasileira. Na sequência, Bertolazzi falou com os participantes da PorkExpo, agitou o já conhecido Grito de Guerra “Sou + Carne Suína”, foi apresentado como o novo embaixador da carne suína para todos os participantes da PorkExpo, lançou vídeos e receitas inéditos de carne suína em mais uma entrega para o consumidor brasileiro e ainda ofereceu um hambúrguer com a carne a todos os participantes.

A segunda noite do evento terminou com emoção, reconhecimento e muita festa. Na Sala Um, os participantes acompanharam a entrega de prêmios aos melhores trabalhos científicos e vencedores das quatorze categorias do “Prêmio Melhores do ano da Suinocultura 2016 da Revista Pork”, numa cerimônia conduzida pelo Médico Veterinário, CEO da Trown Nutrition Brasil e especialista em Mercado brasileiro e mundial da carne suína, Luciano Roppa. Os cinco melhores trabalhos científicos que participaram da Mostra Oficial da PorkExpo foram chamados ao palco, agradeceram a vitória e posaram para fotografias com o cheque simbólico do prêmio de R$ 1.000 que vão receber. Eles foram selecionados por uma comissão da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Suínos e Aves, que recebeu quase duas centenas de pesquisas. Os melhores trabalhos científicos foram “Senecavirus, a outbreak with vesicular disease in sow and high rate of neonatal mortality”, na Categoria Sanidade; “Termografia infravermelha aplicada em diferentes regiões corporais de suínos”, na Categoria Produção e Bem-Estar; “Simulação do impacto econômico da retirada dos antibióticos promotores de crescimento na suinocultura brasileira”, na Categoria Marketing da Carne Suína | Economia e Extensão Rural; “Desempenho de suínos na fase de crescimento e terminação submetidos ao manejo de alimentação sequencial”, na Categoria Nutrição, e “Efeito da linhagem genética sobre a variação de peso ao nascimento em fêmeas hiperprolíficas”, na Categoria Reprodução | Meio Ambiente e Outros.

Entre os profissionais apontados por meio de uma consulta on-line direta, feita pelo site porkworld.com.br, como os “Melhores da Suinocultura 2016 da Revista Pork”, foram Daniel Bruxel, da DB Agricultura e Pecuária, como Jovem Empreendedor; Marcelo Dias Lopes, da ABCS, como Dirigente de Associação; Elanco Saúde Animal, como Empresa; Osmar Antônio Dalla Costa, da Embrapa Suínos e Aves, como Pesquisador; Geraldo Camilo Alberton, da UFPR, como Professor Universitário; Lar, como Melhor Cooperativa; Paulo Cézar Lucion, como Produtor Meio Ambiente; Sandra Brunelli Prada, da Fazenda Brasil, como Sucessão Familiar; Carmos Pedro Triacca, da Infoporc Brasil & Fazenda Miunça, como Técnico Autônomo; Dirceu Zotti, Técnico de Cooperativa; Amilton Silva, da Ourofino Saúde Animal, como Técnico de Empresa; Crenilda Francisca das Neves Nascimento, da Associação Goiana de Suinocultura (AGS), como Personalidade da Suinocultura; Lívia Machado, da ABCS, como Personalidade da Suinocultura, e Jacob Biondo, como Produtor. Logo depois, os milhares de congressistas e visitantes participaram da chopada oferecida pela PorkExpo 2016.

No terceiro dia do evento, foi a hora de falar sobre o mercado nacional e internacional das carnes, debater os rumos da economia brasileira e ilustrar para a cadeia toda como devem se comportar os preços das proteínas no Brasil e no comércio exterior. Participaram do Summit Especial PorkExpo o economista e professor da Fundação Getúlio Vargas, Felippe Cauê Serigatti; o engenheiro agrônomo e ex-diretor da Bolsa de Mercadorias & Futuros – Bovespa, Ivan Wedekin; o consultor e especialista Fabiano Coser; o diretor do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Universidade de São Paulo (Esalq – USP), Sergio De Zen; o analista de grãos do Rabobank no Brasil, Renato Rasmussen e o consultor da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Jurandi Machado. Todos foram unânimes ao afirmarem que a economia brasileira já chegou ao fundo do poço, que 2017 vai ser um ano difícil, mas de recuperação, que a carne suína vai ter novo período de boas exportações, assim como vem tendo em 2016, que o milho não deve ter preços tão explosivos como ocorreu neste ano e que o consumo das famílias deve reagir, trazendo boas notícias aos suinocultores do país.

“2017 vai ser melhor do que 2016. Até porque não dá para piorar ainda mais. Mas o ano só vai ser profundamente positivo se as reformas forem implementadas e a Política permitir um panorama mais tranquilo para as reformas necessárias, principalmente da Previdência Social, e o trabalho da equipe econômica”, ponderou Felippe Serigatti. “Os abates vão crescer em 2016 e o setor deve ter um aumento de produção em torno de 5%. As vendas externas vão quebrar o recorde das 650 mil toneladas e talvez se aproximar das 700 mil toneladas. Realmente, é uma performance ótima para um ano em que o criador foi torturado pelos custos de produção e o consumo quase estagnado”, examinou Jurandi Machado. “E os criadores enfrentaram esta conjuntura complexa sem abrir mão de uma só matriz. Vamos manter um consumo estável em 15 quilos por habitante ao ano no mesmo período em que o frango e a carne bovina tiveram queda de consumo”, acrescentou Nilo de Sá, diretor executivo da ABCS, na mesa redonda especial realizada ao final das palestras. “A cadeia precisa agir mais no marketing da carne, mesmo com a manutenção do nível de consumo neste ano. Precisa de dinheiro e colocar novos planos em prática, imediatamente. Para vender mais, expor a qualidade do que produzimos, concorrer com mais resultados com as outras proteínas e, principalmente, se posicionar diante de grupos que ganham cava vez mais espaço na sociedade, como os vegetarianos e os jovens que pregam o fim da produção industrial de escala”, ponderou Fabiano Coser. “No longo prazo, o potencial de oferta de milho tende a crescer no Brasil, o que é bom para a suinocultura. Com a perspectiva de uma intensificação da pecuária no Brasil e com o aumento da lotação dos rebanhos, deve haver uma liberação de maiores áreas para a agricultura, especialmente em Goiás, sudoeste e oeste do Pará e Mato Grosso, o que vai favorecer uma produção maior do grão e uma menor pressão nas cotações, facilitando sua transformação em proteína animal”, previu Renato Rasmussen.

“Existe um grande potencial para a elevação de demanda de carne suína nos países asiáticos, como China, Camboja, Filipinas, Tailândia e Vietnã. A carne suína tem um bom potencial para substituir a carne de frango nestes países. Mas, apesar do avanço das exportações nos últimos anos, chegando a 70 países, ainda existe a preocupação com o fato das vendas estarem concentradas em poucos mercados. Somente a Rússia e, mais recentemente, a China, respondem por mais de 50% das compras de nosso país, o que é complicado em caso de qualquer evento sanitário”, alertou Sérgio de Zen. “O suinocultor já apanhou bastante. Ele precisa ser o mais profissional possível. Tomar decisões com a razão e não emocionais ou intuitivas. E contar muito com a tecnologia e as formas modernas de gestão, incluindo aí a compra antecipada de grãos. Desta forma, a suinocultura é uma atividade tão ou mais rentável que muitos papéis do mercado financeiro”, explicou Ivan Wedekin.

A PorkExpo 2016 ainda apresentou palestras técnicas e de trabalho de inúmeras empresas presentes, nas salas anexas do Centro de Eventos, durante os três dias que fizeram e fazem história a cada dois anos na Suinocultura mundial. Informação, conhecimento, confraternização, alegria, parceria e motivação. Milhares de pessoas vindas de todo o Brasil, da América Latina, dos EUA, da Europa e Ásia. A festa da carne mais saborosa e consumida no planeta. Não houve quem não foi a Foz do Iguaçu e não tenha se emocionado com tanta amizade, com tanto companheirismo e aposta num Brasil mais honesto, digno, de caráter e batalhador. E uma certeza: todos estavam no maior evento de Suinocultura do mundo!

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