OCDE traz mais investimentos, mas ‘Custo Brasil’ é problema

OCDE traz mais investimentos, mas ‘Custo Brasil’ é problema

convite para o Brasil ingressar na OCDE traz um misto de otimismo e receio no setor produtivo do país. De um lado, o empresariado e especialistas enxergam uma sinalização positiva ao mercado, o que poderia destravar investimentos e pressionar o Brasil a fazer reformas. De outro, o chamado Custo Brasil preocupa. É fator que mina a competitividade e pode deixar o país na lanterna dos membros da organização.

José Ricardo Roriz Coelho, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), está entre os que veem o trâmite para participar da OCDE como positivo para o país: “Esse grupo de 250 regras a serem cumpridas indica alguma previsibilidade. Seria uma forma de o Brasil, que se caracteriza pelo improviso, falta de planejamento e de estratégia de longo prazo, sinalizar segurança ao investidor pela existência de regras similares às vigentes entre os membros da OCDE”. Coelho diz que que o custo anual de produção no Brasil é R$ 1,5 trilhão maior que o da média dos países da OCDE. “Isso gera apreensão. Como vamos estar com esses países, negociando acordos comerciais se nossas condições produtivas são diferentes”, questiona Roriz.

Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, afirma que o Brasil não pode abrir mão dos avanços que têm de ser feitos já este ano: “Do ponto de vista das montadoras, empresas globais, é passo importante para o país participar da “Champions league” dos negócios. Os países membros compartilham de políticas e normas modernas e que colaboram para o comércio. Somos um setor que exporta e importa muito, depende de investimento de fora, transferência de tecnologia. Quanto mais compatível for o país com o jogo global, mais facilitado será o investimento”. Para o setor exportador de aves, suínos e ovos, alcançar uma cadeira na OCDE permitirá relações mais equilibradas com o mercado mundial, informou a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) por nota, destacando a importância do ingresso no grupo para setores de atuação internacional, como os de avicultura e suinocultura.

Mas para Leonardo Paz Neves, analista da Fundação Getulio Vargas (FGV), o ingresso na OCDE não é uma “bala de prata” para a economia e o setor produtivo brasileiros. “Não acho que seria essa “bala de prata” toda. O Brasil já é um país com grande convergência com as normativas para ingressar na OCDE, já tem um status diferenciado junto à entidade, como Índia e África do Sul. Talvez, fosse mais confortável não ser membro, e escolher o que vê como mais importante a adotar para o país”. Neves avaliou uma série de dados de Chile e México registrados dez anos antes e dez anos após o ingresso desses países na OCDE, como PIB, investimento estrangeiro direto e a relação dívida pública/PIB: “Não consigo dizer que Chile e México melhoraram de fato com a entrada na OCDE. Há outros fatores que pesam. O país precisa ter liquidez, política estruturada”. Marco Polo Lopes, presidente executivo do Instituto Aço Brasil diz que o convite mostra o reconhecimento dos avanços do país: “Mas é claro que é preciso avançar na reforma tributária e pressionar o Congresso para reduzir o Custo Brasil”.

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