A inflação, que já vinha minando o poder de compra dos brasileiros há muitos meses, acabou ganhando impulso novo com a guerra na Ucrânia e afetou diretamente um produto agrícola fundamental. O milho é essencial na ração usada para engordar os bois que vão para o abate, mas o pecuarista viu o preço do grão disparar nos últimos anos, e aumentar ainda mais agora por causa da guerra na Ucrânia. Os frangos nas granjas recebem ração feita do farelo de milho, que também é a base de 70% da alimentação dos suínos.
“Para você ter ideia, o milho que a gente trabalhava antes simplesmente dobrou de valor”, diz o suinocultor Danilo Guimarães. “É essencial também para a alimentação humana. E a disputa por milho brasileiro vai ficar maior nessa nova composição global, já que a Ucrânia e Rússia estão saindo do mercado temporariamente devido ao conflito que está havendo e as dificuldades de logística”, afirma o Presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal, Ricardo Santin. A Ucrânia é o quarto maior exportador mundial de milho, atrás do Brasil, Argentina e dos Estados Unidos. Os ucranianos pretendiam vender 33 milhões de toneladas. Chegaram a comercializar 22 milhões, mas por causa da guerra, só conseguiram embarcar a metade disso.
Só que o aumento das vendas para outros países diminuiu ainda mais os estoques do cereal no Brasil, que já estavam baixos por causa da seca que atingiu a região Sul na última safra. E a próxima colheita do grão só vai acontecer daqui cinco meses. “Está um aperto no abastecimento em função da quebra na safra de verão. Nós já estamos percebendo um repasse, nas carnes, desse custo e é natural que isso ocorra. Porque, senão, não há um fechamento dos caixas dos frigoríficos”, destaca o diretor de Comercialização e Abastecimento do Ministério da Agricultura, Silvio Farnese.
