Incertezas no mercado global de carne suína mantêm produtores cautelosos

Incertezas no mercado global de carne suína mantêm produtores cautelosos

Apesar de melhores margens em algumas regiões, questões logísticas e riscos de doenças dificultam expansão do setor, aponta relatório da RaboResearch

Produtores de carne suína ao redor do mundo seguem cautelosos sobre a expansão de seus rebanhos, devido a incertezas relacionadas ao comércio, desafios logísticos e o risco de doenças. A análise, realizada pela RaboResearch, sugere que, mesmo com uma lucratividade melhor em algumas áreas, o rebanho global de matrizes manteve-se estável no terceiro trimestre de 2024. “Esperamos um aumento sazonal na produção conforme as temperaturas caem e o milho fresco se torna disponível, mas os desafios de saúde do rebanho tendem a crescer neste período,” afirmou Christine McCracken, analista sênior de proteína animal da RaboResearch.

Biossegurança e surtos de doenças

A biossegurança continua sendo fundamental para o setor, especialmente após surtos de doenças na Coreia do Sul, Rússia e União Europeia (UE) no segundo semestre de 2024, que limitaram a reconstrução de rebanhos. Embora o controle sanitário seja rigoroso, a produção na China mostra sinais de recuperação para 2025, enquanto no Brasil, nos EUA e no sul da UE, um leve crescimento também é esperado.

Na Europa, a produção de carne suína aumentou 3% entre janeiro e julho de 2024, impulsionada por um maior número de abates e aumento no peso dos animais. Mesmo assim, o rebanho de matrizes nos principais países produtores da UE caiu 0,6% em comparação a 2023, refletindo dificuldades em áreas como a Holanda, onde um declínio de até 15% é esperado, e na Espanha, que enfrenta o desafio do PRRS Rosalía.

Estoques globais de ração aliviam custos

A produção de ração animal teve um bom desempenho em 2024, com estoques globais de milho e soja próximos aos melhores níveis em anos. Esse cenário reduziu custos de produção de suínos em várias regiões, beneficiando especialmente a América do Norte. No entanto, condições secas na América do Sul e na Ásia mantêm os custos elevados para esses locais. “Os estoques globais devem proporcionar um buffer, garantindo um custo de produção moderado para os principais produtores até 2025”, afirmou McCracken.

A escassez de trigo na Ásia e na UE, porém, faz com que esses mercados enfrentem uma pressão maior em relação aos custos, intensificada pelos impactos previstos do fenômeno climático La Niña. Áreas como o sul da América do Sul, o centro da Ásia e o norte do México estão entre as mais vulneráveis a déficits locais na produção de ração.

Tendência positiva no consumo

Apesar dos desafios, a RaboResearch aponta para uma recuperação no consumo de carne suína, impulsionada por melhorias nas condições econômicas globais e redução nos custos de energia, o que ajuda a desacelerar a inflação. A demanda sazonal deve sustentar o consumo no quarto trimestre de 2024, apoiada pelos altos preços de proteínas concorrentes. “A confiança do consumidor ainda é um desafio, mas as tendências de consumo impactarão o preço da carne suína, as decisões de investimento e o comércio internacional,” observou McCracken.

O relatório da RaboResearch destaca que a cautela dos produtores é reflexo da complexidade crescente do setor, com os desafios de biossegurança e clima exigindo mais atenção e adaptação por parte da suinocultura global.

Fonte: Pig Progress

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