A suinocultura é uma atividade econômica de grande importância para o agronegócio brasileiro. Ao longo das últimas décadas, o setor passou por mudanças, especialmente em relação aos modelos de produção, deixando de ser majoritariamente independente para desenvolver um robusto modelo de integração. Ambos têm suas próprias características e atendem a diferentes perfis de produtores, garantindo uma diversidade para o mercado. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) estima que atualmente 90% dos produtores estão inseridos em modelos integrados, enquanto 10% se mantêm independentes.
Não existe uma compilação oficial que crave com exatidão o panorama dos modelos de negócio independente e integrado da suinocultura brasileira. Diante dessa lacuna de informações, o jornal O Presente entrevistou lideranças da ABPA, ABCS (Associação Brasileira dos Criadores de Suínos) e das associações de suinocultores dos oito estados que mais produzem no Brasil, responsáveis por 99,81% da produção. A reportagem de capa é hoje a mais precisa fotografia da suinocultura independente e integrada do Brasil.
MODELOS
No modelo independente, o suinocultor arca com todos os custos de produção, desde a aquisição dos animais, compra de ração, assistência técnica, até a venda direta ao mercado. Essa forma de produção permite ao produtor ter maior autonomia nas decisões, desde a seleção dos animais até a entrega dos produtos finais. Os lucros podem ser mais altos, já que o produtor tem controle direto sobre o processo de produção e de comercialização. No entanto, as oscilações de mercado podem tornar esse modelo menos seguro e estável, pois o produtor assume todos os riscos, tanto em relação aos preços dos insumos quanto às variações nos preços de venda dos suínos.
Por outro lado, no modelo de integração, grandes agroindústrias e cooperativas arcam com todos os custos da produção, como aquisição de animais, fornecimento de ração e assistência técnica. O suinocultor é remunerado pela criação dos animais, de acordo com sua eficiência produtiva. Essa forma de produção oferece maior estabilidade ao produtor, uma vez que ele não precisa se preocupar com as oscilações do setor e tem um contrato garantido com a empresa integradora. Apesar dos lucros serem geralmente menores do que em um modelo independente, o suinocultor integrado tem uma segurança maior em relação aos riscos de mercado.
É importante destacar que ambos os modelos têm sua importância no mercado brasileiro. O modelo independente é mais adequado para produtores que buscam maior autonomia nas decisões e estão dispostos a assumir os riscos do mercado, buscando maior rentabilidade. Por outro lado, o modelo de integração é mais indicado para produtores que buscam uma atividade mais estável e segura, com menor exposição aos riscos do mercado, mesmo que isso signifique uma renda potencialmente menor.
Nos últimos anos, tem sido observada uma migração dos produtores do modelo independente para o modelo de integração, o que tem alterado o cenário dos modelos de produção na suinocultura brasileira. Atualmente, estima a ABPA, 90% da produção nacional de suínos é realizada por produtores integrados, enquanto apenas 10% são produtores independentes.
Essa mudança no perfil da suinocultura brasileira reflete a busca dos produtores por maior estabilidade e segurança em um mercado cada vez mais competitivo e volátil. No entanto, é importante ressaltar que há espaço para ambos os modelos de produção, e que o setor valoriza a diversidade de perfis de produtores, sejam eles mais conservadores ou arrojados.
PERFIL DOS INVESTIDORES
O presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, explica que o setor carece de dados mais precisos, como número de produtores de cada sistema, volume de produção e número de matrizes, mas que atualmente em torno de nove em cada dez suinocultores estão em modelos verticalizados. “Não temos dados segmentados. A estimativa é de que próximo de 90% da cadeia produtiva atue em sistema integrado de produção”, diz em entrevista ao jornal O Presente Rural.
Ele explica que, dependendo da região, um ou outro modelo de negócio é mais usado, mas que suinocultores independentes galgam seu espaço em praticamente todos os maiores produtores. “Há destacada produção de suinocultores independentes em diversas regiões do país, especialmente em São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal”.
Santin explica que os modelos servem a diferentes perfis de produtores e que ambos se completam. “Entendo que são modelos diferentes, para perfis de produtores diferentes. Aquele que buscar maior estabilidade se manterá no sistema integrado. Já o que buscar maior exposição a riscos em busca de maior liberdade na negociação adotará o sistema independente. Ambos contribuem para um setor mais competitivo, produzindo com os mesmos padrões de qualidade, de biosseguridade e de sustentabilidade”, cita o presidente da ABPA.
Ainda de acordo com a liderança, há espaço expansão de ambos modelos de negócios no Brasil. “A demanda do consumidor e o mercado indicarão os caminhos para onde seguirão a suinocultura do nosso país. Há espaço para integrados e independentes. A presença de cada perfil será definida pelo próprio perfil do produtor que investir na atividade, se busca maior estabilidade ou maior rentabilidade com exposição a risco”, acentua Santin.
Fonte: O Presente Rural