Geralmente, há milho de sobra no Brasil, um dos maiores produtores mundiais e o segundo maior exportador da commodity. Mas agora, a oferta está apertada e os preços subindo, o que leva processadoras de aves e suínos a importarem milho para ração.
De janeiro a março, as importações aumentaram 90% em relação ao ano anterior, segundo dados do Ministério da Indústria e Comércio. A BRF (BRFS3), maior processadora de aves do país, comprou dois carregamentos de milho da Argentina para ajudar a controlar os custos, disse a empresa esta semana, sem informar os volumes. A BRF também disse que tem importado milho do Paraguai.
Embora não seja atípico pequenos volumes de comércio entre os principais exportadores de grãos, o Brasil aumentou as importações de milho e soja depois que a forte demanda chinesa esgotou os estoques. Enquanto isso, os preços domésticos do milho mais do que dobraram nos últimos 12 meses. Os contratos futuros na B3 (B3) ultrapassaram a marca histórica de R$ 100 por saca pela primeira vez neste mês em meio ao impacto do clima adverso na produção de milho.
A demanda do Brasil por milho deve se concentrar na Argentina, o terceiro maior exportador. Os embarques argentinos de milho a US$ 246,25 a tonelada são quase US$ 36 a tonelada mais baratos do que o grão do Brasil, segundo dados da Commodity3.
“Poderemos ver volumes significativos de milho vindo da Argentina, já que o país tem grãos disponíveis para exportar”, disse Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), em entrevista. Além da BRF, mais cinco empresas querem importar, entre elas uma grande produtora, afirmou.
A ABPA também solicitou ao governo brasileiro que prorrogue a isenção do imposto de importação de milho já expirada para compras feitas fora do Mercosul, como forma de facilitar importações dos Estados Unidos, o maior exportador de milho. Produtores de carne do Nordeste buscam fornecedores norte-americanos de variedades de milho aprovadas para uso em rações no Brasil, segundo Santin.