A Embrapa Suínos e Aves disponibilizou duas publicações que trazem o dimensionamento e a caracterização de duas importantes atividades agropecuárias no Brasil: a suinocultura e a avicultura. O trabalho aborda as atividades no Brasil e cinco Grandes Regiões a partir do Censo Agropecuário 2017, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com o pesquisador Marcelo Miele, um dos autores do estudo, a caracterização da avicultura e da suinocultura a partir dos dados do Censo Agropecuário do IBGE de 2017 traz uma visão segmentada dessas atividades no Brasil a partir das múltiplas dimensões dos estabelecimentos agropecuários.
“Apesar de passado seis anos desde a realização daquele censo, ainda é um importante subsídio para a elaboração de políticas públicas e ações setoriais por parte de associações e sindicatos”, explica ele. Para o pesquisador, a disseminação de uma visão segmentada da suinocultura e da avicultura no Brasil tem o potencial de fortalecer a inteligência estratégica na Embrapa Suínos e Aves e também dos seus parceiros.
Para o pesquisador, os estudos caracterizaram a atividade de criação de frangos, galinhas e suínos apresentando as principais diferenças entre os produtores no segmento industrial e no de pequeno porte, a partir de variáveis como escala média de produção, grau de especialização da renda agropecuária, forma de inserção no mercado, uso da mão de obra familiar, acesso à assistência técnica e disponibilidade de área agrícola.
“De um lado, temos a avicultura e a suinocultura industriais com maior escala e especialização da produção, localizadas sobretudo nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, que foram responsáveis pelo crescimento da produção de ovos, aves e suínos no Brasil entre os dois últimos períodos censitários (2006 e 2017). Por outro lado, apresentou-se a avicultura e a suinocultura de pequeno porte que geraram uma renda acessória à atividade principal do estabelecimento agropecuário, que estavam presentes em todas as regiões do país, com destaque para a Nordeste, mas que vêm perdendo participação”, enfatizou.
Avicultura industrial e a de pequeno porte – Segundo os dados do Censo Agropecuário de 2017, mais de 2,9 milhões de estabelecimentos agropecuários criaram galinhas poedeiras, matrizes, frangos e pintos no Brasil, abrangendo todo o território nacional. A maioria (95% do total) tinha rebanho entre 1 e 100 cabeças, sendo criatórios essencialmente voltados ao autoconsumo.
Cerca de 95 mil estabelecimentos (3% do total) detinham pequenos rebanhos voltados tanto para os mercados locais, quanto para a venda de excedentes da produção destinada ao consumo próprio, constituindo um segmento que pode ser chamado de avicultura de pequeno porte. Apenas 26 mil granjas (1% do total dos estabelecimentos) foram responsáveis por 95% da venda de ovos e 93% da venda de galináceos em 2017, constituindo o segmento denominado de avicultura industrial.
Suinocultura industrial e de pequeno porte – Os dados do Censo Agropecuário de 2017 registraram que 1,47 milhões de estabelecimentos criaram suínos no Brasil naquele ano, abrangendo todo o território nacional. A maioria tinha rebanho de até 10 cabeças e não comercializou suínos, sendo que a finalidade principal da produção agropecuária era o consumo próprio.
Cerca de 256 mil estabelecimentos detinham pequenos rebanhos de até 200 cabeças voltados tanto para os mercados locais, quanto para a venda de excedentes da produção destinada ao consumo próprio, constituindo um segmento que pode ser chamado de suinocultura de pequeno porte. Apenas 1% dos estabelecimentos, um pouco menos de 20 mil granjas, foi responsável por 92% da venda de suínos naquele ano, constituindo o segmento denominado de suinocultura industrial.