Exportações de carne suína brasileira podem bater novo recorde em 2021

Exportações de carne suína brasileira podem bater novo recorde em 2021

Mesmo com os esforços da China em tentar recompor os plantéis suínos parcialmente dizimados pela Peste Suína Africana (PSA) e estabelecer protocolos de controle de zoonoses, novos surtos da doença vêm surgindo no país e, novamente, redesenhando o mercado de proteína animal. De acordo com o diretor de mercado da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Luís Rua, a situação do gigante asiático deve seguir beneficiando as exportações da carne suína brasileira até, no mínimo, meados de 2022. “É possível que este ano o Brasil supere novamente o recorde de exportações, ultrapassando 1,021 milhão de toneladas embarcadas em 2020”, afirmou. 

O analista da SAFRAS & Mercado, Allan Maia, concorda que as exportações brasileiras de carne suína devem ficar em volumes muito próximos ao resultado obtido no ano passado, ou até superá-lo. 

De acordo com a agência internacional de notícias Reuters, até o final deste mês de abril já foram informados dez casos de PSA registrados na China desde o início de 2021. As estatísticas, no entanto, não são confirmadas pela OIE (Organização Mundial de Sanidade Animal). O último reporte oficial da Organização sobre a doença na China foi informado em 25 de janeiro, e outro em 17 de fevereiro em Hong Kong (território autônomo).  

Com os casos da doença sendo reportados pela imprensa, consultorias e autoridades locais chinesas, a estimativa é que haja um aumento pontual na produção de carne suína na China, mas que ainda deve ficar abaixo dos níveis pré-crise da PSA ocorrida em meados de 2018.  

Segundo Rua, antes da crise da PSA atingir a China em 2018, a produção de carne suína local era de cerca de 54 milhões de toneladas/ano. No início deste 2021, o USDA ( Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) sinalizava para uma produção chinesa de 43 milhões de toneladas, valor que já foi revisto para baixo, agora estimado em 40,5 milhões de toneladas, considerando os novos surtos da doença e suas consequências. 

“Se a previsão de produção de carne suína na China é de 40,5 milhões de toneladas para este ano, eles terão de importar de algum lugar o restante para chegar às 43 milhões de toneladas projetadas anteriormente . O Brasil está muito bem posicionado para isso, e já saiu do 6º para o 4º na lista dos países dos quais a China mais importa”, explicou. 

Mesmo sem a confirmação oficial dos surtos de PSA na China por parte da OIE, a divulgação da informação por outros canais já mexe com o mercado da suinocultura chinesa. Informações da Reuters dão conta de que os preços dos suínos na China caíram 40% no primeiro trimestre de 2021, à medida que os produtores correram para liquidar os rebanhos em meio a uma onda de disseminação da doença. 

“Entre os suínos abatidos no primeiro trimestre, houve uma grande parcela de porcas com baixo desempenho que foram eliminadas antecipadamente  e também os animais de engorda abatidos precocemente para evitar perdas pela doença”, disse o Tech-bank Food Co Ltd em nota enviada à agência de notícias. 

Outro fator que demonstra a movimentação em torno dos casos de Peste Suína Africana na China foi verificado na alta dos preços dos leitões no gigante asiático, conforme dados do jornal Financial Times. Desde que as preocupações com as cepas do vírus que causa a PSA começaram a aumentar, os preços na segunda quinzena de março subiram mais de 15%. 

“Em uma situação dessas, os chineses ofertam mais animais para abate, baixando o preço da carne. Em contrapartida, o preço do leitão está alto e se mantém estável, sinalizando que a China não terá volumes de animais prontos para retomar o patamar de produção pré-PSA ainda este ano. Arrisco dizer que isso deve seguir até meados de 2022”, disse Rua. 

Fonte: Notícias Agrícolas

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