O Brasil voltou a registrar deflação em julho pela primeira vez desde meados de 2020, com a menor taxa desde o início da série histórica em janeiro de 1980, devido às quedas nos preços de combustíveis e energia elétrica graças a medidas do governo para reduzir preços. Em um sinal de que a inflação já atingiu seu pico, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve queda de 0,68% em julho, depois de subir 0,67% no mês anterior. Essa foi a primeira deflação mensal desde maio de 2020 (-0,38%), de acordo com os dados divulgados nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado levou o índice acumulado em 12 meses a uma taxa de 10,07%, bem abaixo dos 11,89% do mês anterior, mas ainda assim superando com folga o teto da meta oficial para a inflação este ano –3,5%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos, alvo já abandonado pelo Banco Central. As expectativas em pesquisa da Reuters eram de recuo de 0,65% na comparação mensal e alta de 10,10% em 12 meses. Mesmo com a indicação de que o pior já passou para a inflação, o BC elevou na semana passada a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, a 13,75%.
A queda do IPCA em julho teve forte influência da lei que estabelece um teto para as alíquotas de ICMS sobre os setores de combustíveis, gás, energia, comunicações e transporte coletivo. O maior impacto dela, no entanto, deve ficar restrito a julho. Isso garantiu que os grupos Transportes e Habitação registrassem respectivamente recuos de 4,51% e 1,05% nos preços, os únicos com variação negativa no índice do mês. Em julho, os preços da gasolina caíram 15,48% e os do etanol tiveram queda de 11,38%. Já as contas de energia elétrica recuaram 5,78%.
Outras iniciativas promovidas pelo governo para conter a inflação envolvem cortes em alíquotas de tarifas de importação, Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e PIS/Cofins sobre combustíveis. Por outro lado, a maior alta no mês veio de Alimentação e Bebidas, com forte peso no bolso do consumidor, para 1,30%, de 0,80% em junho. A alta da alimentação no domicílio acelerou de 0,63% em junho para 1,47% em julho, e o maior impacto positivo no índice do mês veio do leite longa vida, que subiu 25,46%.