Pela primeira vez, o mercado do Canadá vai começar a importar carne suína de Santa Catarina. O acordo foi firmado durante a Sial Canadá, feira de alimentos encerrada no último dia 22, em Montreal.
Os frigoríficos catarinenses são os únicos autorizados no país, já que Santa Catarina é o único Estado brasileiro que é reconhecido como livre de febre aftosa, peste suína clássica e peste suína africana. Canadá também é tradicional importador da carne de frango catarinense.
Foram três etapas até o fechamento do negócio: a primeira foi a negociação entre os governos; a segunda uma visita técnica dos canadenses às plantas de produção e, por fim, o encontro em Montreal entre as empresas catarinenses e canadenses.
A previsão é que nos próximos 30 ou 60 dias se terá um parâmetro de volume e tipos de cortes que serão exportados.
O diretor-executivo do Sindicarne (Sindicato das Indústrias da Carne e Derivados no Estado de Santa Catarina), Jorge Luiz de Lima, conversou com o ND sobre esse fato importante para economia catarinense. Ele atribuiu essa habilitação do Estado a exportar para o Canadá a três fatores: sanidade, nutrição e genética.
Quais os fatores que levaram a esse negócio com o Canadá?
Três fatores foram preponderantes: o primeiro deles é a nutrição diferenciada com a utilização de grãos alternativos e um melhor animal desenvolvido dentro de Santa Catarina.
Segundo é a parte de genética. Nessa não somos diferentes dos outros Estados, mas nós temos um controle de rastreabilidade de genética bastante efetivo, que é uma exigência do mercado mundial.
E o terceiro?
O terceiro e mais importante é o da sanidade, pelo Estado ser zona livre de aftosa sem vacinação há 15 anos. Agora no dia 25 de maio, completa 15 anos do certificado da OIE (Organização Internacional de Saúde Animal, na sigla em inglês). Esse certificado dá esse critério de sanidade diferenciado que alguns Estados atingiram há apenas um ano e que Santa Catarina atingiu há mais tempo e que habilita alguns mercados denominados “premium”.
E como entrar nesse mercado “premium”?
É um mercado exigente e acaba se utilizando de alguns outros critérios. Por exemplo, eles não olham para quem tem o mesmo nível de exigência deles, como os Estados Unidos. Santa Catarina é o único Estado do Brasil que exporta carne suína para os EUA. O Japão e a Coreia do Sul são os denominados mercados “premium” por ter um nível de exigência muito alto e um corte de carne diferenciado e o Canadá vai nessa mesma linha.
E a rastreabilidade de animais ajudou também?
A rastreabilidade individual de animais também foi importante, já que os outros Estados não têm. O bovino – que pode transmitir doença para o suíno – em Santa Catarina é brincado (usa um brinco de monitoramento que tem um número sequencial) que é monitorado pela Cidasc (Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina), desde que nasce e retira quando vai para o abate.
Fonte: ND Mais