Espera-se que as margens globais de esmagamento de soja sejam apoiadas, pelo menos, nos próximos dois anos, pela decisão da China de continuar a reconstruir seu rebanho de suínos e profissionalizar seu setor pecuário, com a indústria se preparando para uma demanda crescente por proteínas, disse o CEO da Archer Daniels Midland (ADM) na sexta-feira. A informação foi divulgada pela TF Agroeconômica, citando o Agricensus.
Segundo a consultoria, a companhia norte americana esmagou um volume recorde de soja até agora neste ano, baseada no aumento da demanda por farelo de soja pela China, enquanto suas margens de exportação dos EUA aumentaram, na contramão da demanda chinesa por soja e milho dos EUA. “A economia da China voltou dos efeitos da pandemia Covid-19 que a atingiu no início deste ano e está reconstruindo seu rebanho de suínos após ter sido atingida por um surto de peste suína africana (ASF) em 2018-2019″, disse.
“Achamos que provavelmente há, ainda, alguns anos à nossa frente para a China recuperar completamente o rebanho, pois acho que eles vão construir sua autossuficiência. Então, vamos ver força contínua nas margens de esmagamento e sentimos que isso vai impulsionar a demanda”, disse Juan Ricardo Luciano durante uma chamada para investidores na sexta-feira.
Luciano acrescentou que, embora haja um “grande esforço” na China para reconstruir o rebanho suíno, ela está profissionalizando o setor de pecuária ao mesmo tempo, o que está aumentando ainda mais a demanda por farelo de soja e milho. “É por isso que você vê tanta atração da China por milho importado”, completa.
A demanda do setor suíno foi suplementada pelo setor avícola da China, que aumentou durante o surto de ASF e continuou a expandir-se mesmo com o rebanho suíno se expandindo novamente. “Certamente vemos 2021 com muito otimismo, condições estão lá para que tenhamos bons momentos. E não vemos que isso vai mudar. A demanda é forte”, conclui Luciano.