Soja: “Mercado pode não suportar quebra de 14 mi de t. na América do Sul”

Soja: “Mercado pode não suportar quebra de 14 mi de t. na América do Sul”

Além da oleaginosa, sobem forte também o óleo de palma – em suas máximas em 10 anos – milho, trigo e derivados de soja. Inflação dos alimentos, cada vez mais latente, pode provocar um racionamento da demanda diante dos preços muito elevados.

As commodities agrícolas iniciam disparam neste primeiro pregão de 2021 começando pela soja – que tem altas de mais de 30 pontos – passando por seus derivados, milho e trigo, chegando ao óleo de palma, que marca suas máximas em dez anos. Trata-se de um momento de forte inflação dos alimentos, em todo mundo, como explica o analista de mercado da Agrinvest Commodities, Marcos Araújo, em entrevista ao Notícias Agrícolas nesta segunda-feira (4). 

Por volta de 10h50 (horário de Brasília), as cotações da oleaginosa subiam entre 30,25 e 32,75 pontos nos principais vencimentos, levando o janeiro a US$ 13,46 e o março a US$ 13,41 por bushel no março. Nas máximas do dia, os ganhos já chegaram a 36 pontos. 

“Estamos monitorando de perto essa inflação. Há países produtores de arroz que já estão importando arroz, por exemplo, da Índia. Rússia e Argentina restringindo o controle de exportação de grãos para que sobre mais produto no mercado interno e que os preços não disparem. E sem a oferta destes países exportadores, a demanda, naturalmente, migra para os Estados Unidos, que são o celeiro do mundo”, diz Araújo. 

E para a soja, especificamente, há ainda a atenção sobre as questões de clima e os efeitos sobre a produção sul-americana. “O mercado não está preparado para uma previsão de quebra de safra de 14 a 15 milhões de toneladas”, explica. O Brasil sai de seu potencial de 135 para algo abaixo de 128 milhões de toneladas; a Argentina de 53 para 46 milhões e mais as perdas esperadas para o Paraguai e o Uruguai. 

Ao lado da oferta menor esperada para a América do Sul, há ainda os estoques norte-americanos de soja já em níveis críticos e podendo ser revisados para baixo mais uma vez já no próximo boletim mensal de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), o qual será reportado no dia 12. 

No front da demanda, enquanto isso, a força continua, mas podendo sentir os efeitos desta inflação. Soma-se a isso, ainda, a atenção que deve ser direcionada à nova safra de grãos dos Estados Unidos e a disputa por área entre soja e milho que deverá ser travada em função desse consumo maior. 

“Os preços futuros de soja e milho devem se comportar em forte alta para incentivar a expansão de área. Os EUA precisam de um aumento pelo menos mais 2,4 milhões de hectares de soja nessa próxima temporada, combinado a uma excelente produtividade. Ainda assim, com o cenário atual de demanda que temos, deixará os estoques por lá a níveis muito críticos. Qualquer ameaça climática nesta nova temporada 2021/22 pode ocasionar preços ainda mais altos para a soja e milho. Temos que então monitorar a questão da inflação em nível real e isso pode provocar uma construção recorde de preços da soja e do milho superando os patamares de 2012”, acredita o analista da Agrinvest. 

Na China, ambos – soja e milho – também continuam apresentando preços recordes, e subindo. Além da demanda intensa, da recuperação dos planteis, o país ter sido o primeiroa a sair do impacto mais severo dos efeitos do coronavírus também favorece a retomada do consumo e dá ainda mais força a este movimento. 

PARA O BRASIL – Para o produtor brasileiro, o atual cenário siginifica a necessidade ainda maior de estratégia, operações casadas e monitoramento da questão cambial. E o mesmo serve como orientação para a nova temporada. 

“Para a safra 2021/22 temos cenários de bons lucros para as lavouras do Brasil, e isso é oportuno para o produtor rural ficar atento. Lembrando que o mercado é muito positivo e eu fico muito confortável para indicar aos produtores comprarem seguros de baixa – ou puts, opções venda. Você garante o preço mínimo e se o mercado subir você perde apenas o prêmio da opção e vai vender o grão no mercado físico muito mais valorizado. Não há obrigação da entrega do produto físico”, explica Araújo.

O analista relata que há muitos negócios saindo para 2022, com sojicultores formando seus custos de produção e aproveitando as boas oportunidades de negócios que o mercado tem oferecido. Jà há operações resultando – nas atuais condições de Chicago, prêmios e dólar futuro – em uma soja sobre rodas no porto a R$ 132,00 por saca, liquidando em Sorriso/MT, por exemplo, a R$ 114,00 na referência fevereiro/22 para o produtor brasileiro. 

Embora a diferença seja considerável com fevereiro de 2021 – onde a referência está na casa dos R$ 140,00/saca – trata-se de um lucro, com uma produtividade média de 65 sacas por hectare, estimado em R$ 3800,00 por hectare. 

Fonte: Notícias Agrícolas

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