Apesar das preocupações de curto prazo, o setor carnes tem potencial de sucesso a longo prazo, especialmente com a demanda crescente da Ásia
O cenário atual e futuro do setor de carnes foi discutido durante o AgroForum 2023, um evento promovido pelo BTG Pactual.
O CEO da FriGol, Eduardo Miron, trouxe uma análise sobre a situação do setor, destacando que no curto prazo existem preocupações significativas.
Segundo Miron, as principais empresas do setor enfrentam desafios no presente que vão contra o seu desenvolvimento.
Ele apontou fatores como as flutuações cambiais, riscos fiscais cada vez mais evidentes, a alta dependência da importação chinesa e um mercado interno que não está crescendo como esperado.
Essa conjuntura, aliada às taxas de juros elevadas, cria uma perspectiva negativa para o setor no curto prazo.
Contudo, ele acredita que, a longo prazo, o Brasil está bem posicionado estruturalmente e tem potencial para obter sucesso.
Ricardo Faria, Presidente do Conselho da Granja Faria, acrescentou à discussão enfatizando o caso dos ovos, que se diferencia das proteínas mais tradicionais.
Ele mencionou que o aumento do interesse internacional pelos ovos foi impulsionado pelo surto de gripe aviária global. “Isso abriu oportunidades de negócios, resultando em um aumento significativo nas exportações de ovos, aliviando a pressão no mercado interno”, disse.
Faria também destacou a “fortaleza sanitária” do Brasil como um ponto de destaque no mercado.
Ele ressaltou que, diferentemente de outros países produtores de proteína aviária em grande escala, o Brasil manteve uma eficaz proteção sanitária, o que lhe permite fornecer proteína animal com qualidade e segurança.
Gilberto Tomazoni, CEO da JBS, abordou a resposta do mercado à pandemia, mencionando os estímulos governamentais e as mudanças na inflação e poder de compra.
Ele expressou otimismo em relação ao setor de proteína, ressaltando que a demanda continuará a crescer, especialmente na Ásia.
Tomazoni enfatizou a importância de entender as diferentes dinâmicas de proteína animal na China, explicando que eles já produzem uma quantidade considerável de frango e suínos, mas ainda têm espaço para importações em alguns segmentos, como carne bovina.
Ele previu que, mesmo enfrentando desafios a curto prazo, a demanda chinesa por carne bovina continuará a crescer, dada a dificuldade do país em produzir essa proteína.
Apesar das preocupações de curto prazo, o setor de proteína animal tem potencial de sucesso a longo prazo, especialmente com a demanda crescente da Ásia e a posição favorável do Brasil e Estados Unidos para atender a essa demanda.
Fonte: Canal Rural